Comunidade: conceitos segundo Bauman
Na aula 5 no dia
01/07/2021, o livro escolhido para o debate foi Comunidade: a busca por
segurança no mundo atual, obra do sociólogo e filósofo polonês Zygmunt
Bauman, também nascido em uma família da judeus, em meio aos conflitos globais,
fugiu União Soviética, onde se alistou no exército e ingressou no partido
comunista polonês. Ficou exilado em Israel, por críticas ao governo comunista.
O termo comunidade antigamente era
restrito à ideia de um grupo de pessoas que reside em uma mesma área. Na obra o
autor traz o conceito de comunidade sendo essencial para a compreensão da
natureza e o futuro das sociedades. A comunidade, para Bauman é entendido por um
lugar “cálido” aconchegante, confortável e seguro, produzindo assim uma
sensação de bem estar para as pessoas que ali convivem. É um lugar onde as
pessoas compartilham de características sociais, intelectuais, financeiras e
culturais semelhantes, existindo ali um consenso entre regras, deveres, e
direitos, criando assim um ambiente harmonioso. Contudo a partir do momento em
que o coletivo se rompe a bolha aconchegante também é desfeita deixando essa
comunidade sujeita aos perigos externos, infelizmente como o Bauman descreve
que é um paraíso perdido e longe de ser alcançado.
O autor traz no capitulo 1 a história A
agonia de Tântalo da mitologia grega, onde conta a história do filho de
Zeus, conhecido como Tântalo, um semideus que podia entrar e sair quando do
olimpo e ir a terra quando quisesse também, até o dia que decidiu revelar aos
meros mortais da terra um segredo que era somente dos Deuses. Com raiva da
situação os Deuses designaram um castigo para Tântalo, mergulhar até o pescoço
em um lago e acima da cabeça colocaram um cacho de frutas, porem ao tentar
aliviar a sede, a água logo desaparecia e, ao pensar em pegar uma fruta, ventos
fortes derrubavam e levavam tudo para longe, vivendo em eterna sede e fome.
Ele traz esse exemplo
para refletir, exatamente o que acontece em uma comunidade, a partir do momento
em que critica e questiona, está se sujeitando a expulsão daquela comunidade, foi
o que aconteceu com o Tântalo que ao compartilhar tal segredo, de participante
da comunidade dos deuses, passou a ser traidor, e ali não iria voltar mais
nunca. Outra história que ele traz como exemplo e Adão e Eva dois seres
primordiais aqui na terra um casal, que morava em um paraíso chamado de éden,
paraíso esse criado por Deus, com tudo que eles precisassem dentro dele, água,
alimento, animais e natureza, era um lugar perfeito. Até que um dia Eva foi
tentada pela serpente e comeu o fruto proibido logo depois compartilhou com
Adão, assim eles souberam os segredos que ali estava guardado, porem como era
proibido pela lei de Deus, como castigo eles perderam o direito de estar no
paraíso e carregaram alguns outros castigos também. Nesse exemplo fica claro que
ao usar a livre escolha do que fazer dentro de um meio que exista uma lei, no
contexto foi o provar o fruto proibido, saindo assim da ordem e questionando, perdendo
assim o efeito do contexto comunidade.
A comunidade depende de
três pilares, distinção, pequenez e autossuficiência, equilibradas entre si,
para que exista o círculo aconchegante. Na distinção identifica quem faz parte
ou não daquela comunidade, e não existe meio termo, ou é ou não é. A pequenez
se refere ao espaço físico, comunidades menores se conhecem melhor e a
comunicação se desenvolve com mais fluidez, e por ser pequena muitas vezes
informações que vem de fora não intervém pois existe uma comunicação mais
densa, onde informações “nascem no berço e morrem no tumulo” palavras do autor.
A autossuficiência, refere-se ao estado de não necessitar de ajuda, apoio ou
interação de outros, ou seja, dentro da sociedade tem que existir todos ou
quase todos os serviços que as pessoas vão precisar utilizar para que não
troquem muita informação com o meio externo. Porem nos dias de hoje esse tipo
de comunidade dentro do contexto sociológico é como um sonho impossível, pois o
fluxo de informações e tecnologias está em um nível muito alto e em estado de
crescimento continuo com mídias sociais, tecnologias e meios de transportes
fazem com que esse contexto de
comunidade se amplie a tal modo que já não seja tão seguro o não seja, criando
uma mera realidade ilusória, onde quando conseguimos estar inseridos em uma
comunidade, é almejada tanta segurança que acaba perdendo a liberdade, e quando
se quer mais liberdade fica fora do contexto de comunidade e sem segurança.
O autor critica
mostrando a que ponto chegamos, onde utilizamos de práticas individualistas e
ao invés do coletivo criam-se fronteiras, onde as comunidades poderosas, fortes
e dominantes, designam as comunidades mais fracas como não pertencente do seu
contexto. Bauman distingue esse novo modelo de comunidade com liquida, onde
consumismo e individualismo substituem a coletividade e a solidariedade, ele
observa que essa liquidez está tomando conta do ser humano em todos os
sentidos, seja no trabalho, na família, no amor, é a solidez de convicções,
sendo tomada pela liquidez momentânea, levando a um futuro incerto.
Comentários
Postar um comentário